segunda-feira, 16 de março de 2015

O DIA QUE EU FIZ 2.7!


 
Eu deveria estar escrevendo sobre as minhas ultimas viagens, tenho muitas coisas pra falar delas e com certeza o farei, sei que ando meio relaxa para escrever aqui, mas  esses dias outros pensamentos tem dominado a minha cabeça, principalmente com o meu aniversário e estando cada vez mais próxima dos 30. O engraçado é que aqui os sentimentos são  tão intensos e tão significantes, fazer um intercâmbio como esse que estou fazendo é algo difícil de ser explicado, mas brinco muitas vezes que aqui me sinto no Big Brother pois não há meio termo, tudo que vivo e sinto é incomensuravelmente intenso, como se nesses quase 8 meses aqui eu já tivesse vivido e aprendido muito mais que nesses meus 27 anos.
              Esse ano tive um aniversario diferente, sem o abraço e o carinho da família, sem poder tomar umas e dar boas risadas com as minhas melhores amigas, sem poder comer meu bolo favorito, sem presentes, mas com uma outra perspectiva e com  mais questionamentos do que nunca.  Com os 30 batendo a minha porta fico me indagando sobre a pessoa que me tornei e as coisas que conquistei na minha vida e aquela famosa crise volta a me rondar,  ainda tenho a impressão que não estou onde deveria com a minha idade, que não tenho as coisas que as pessoas esperam que eu tivesse. Mas que merda será que isso quer dizer?! Quer dizer que a sociedade continua enchendo a nossa cabeça (e eu também não consigo fugir disso às vezes) de como se deve viver a vida e das coisas que “se precisa” para ser feliz.  Eu fico pensando que não tenho uma carreira (male má sei com o que gosto e quero trabalhar), que não tenho minha casa, um companheiro, que talvez já devesse ter tido filhos. É difícil ser sozinho nesse mundo, mas pode ter certeza que ser mulher sozinha é muito mais e a sociedade faz questão de mostrar isso sempre.
Família Holandesa

Celebrando com a BF
 



           Vejo muita gente me olhando com dó quando falo que estou viajando sozinha, nunca vi um olhar desses ser direcionado a um homem, pelo contrário, esse ai é tido como aventureiro.  Consigo imaginar inúmeros amigos dos meus pais perguntando o que eu faço da vida e seu desapontamento ao descobrir que com 27 anos não sou casada e estou morando fora e viajando pelo mundo sozinha, como se isso me tornasse uma pessoa condenada, uma coitada que esta correndo contra o tempo para se arrumar na vida. De novo consigo imaginar que se a situação ao contrário fosse de um homem esses mesmos amigos sorririam orgulhosos achando demais que um “rapaz aventureiro” esteja aproveitando a vida, pois é muito jovem e é isso que deve fazer. Seria mentira se eu dissesse que isso não me incomoda, que eu não me sinto menosprezada, que eu não estou cansada de enfrentar esse tipo de situação.  Não tem nada que me incomode mais nessa vida do que a desigualdade ainda existente entre homens e mulheres, porque eu vivo isso todos os dias desde que eu nasci, eu carrego o medo comigo por onde eu vou, tenho que lutar contra o preconceito, a falta de respeito e a humilhação diariamente e preciso incansavelmente levantar essa bandeira todos os dias, ter forças pra continuar sabendo que algum babaca ainda pronuncia um “não existe mais machismo” enquanto mulheres estão sendo espancadas, estupradas e mortas, e mesmo assim acreditar que um dia minhas filhas e netas poderão viver em um mundo onde de fato isso não exista mais.
 

               É tão maluco isso, se eu fosse homem provavelmente nem estaria me fazendo esses questionamentos, e por mais que eu não me importe com a opinião alheia, as vezes é difícil fugir disso tudo. Mas o bom de estar fazendo aniversário aqui é que muito tenho aprendido com a cultura holandesa, principalmente sobre essa questão de gênero. Isso não é unânime é claro, mas, em geral, as mulheres aqui são criadas para serem fortes e tão poderosas quanto os homens, não tem esse negocio de menina e de menino (os meninos aqui podem pintar as unhas por exemplo), além de serem muito mais respeitadas e menos julgadas. Viver aqui tem me influenciado de maneira positiva, aprendi a superar meus limites, a ser mais racional, a ser mais direta, me sinto mais forte.





Presentinho do Universo

                Então neuras a parte, chego à conclusão que continuo no caminho certo e que sinto orgulho da mulher forte e inteligente que me tornei aos 27 anos (ainda que eu não me sinta com 27 anos), tenho muito a agradecer por tantas oportunidades e pessoas maravilhosas na minha vida, me sinto abençoada. Não que não seja difícil  e solitário as vezes , mas  também é gratificante e me traz paz de espirito saber que eu não vivo minha vida pelo o que esperam de mim, que viajar e conhecer o mundo, absorver historias e culturas diferentes me fazem feliz, que minha luta diária é comigo mesma pra me tornar um ser humano melhor pra mim e pro mundo. Que eu não tenho vergonha de ter quase 30 e não ter uma vida de comercial de margarina e prefiro a dor da solidão a ter um relacionamento qualquer só pra não ter que me sentir assim, que eu sou grata pelas pessoas que fazem parte da minha vida e até pelos meus erros, pois eles também fazem parte de quem eu sou e me levaram  a chegar onde eu cheguei. Que muitas coisas que eu acreditava mudaram, mas não mudou a minha vontade de continuar lutando pelas coisas que acredito, que viver é dolorido mas dói muito mais perceber que anos se passaram sem se viver de verdade. Posso dizer que com 27 anos eu não estou onde eu imaginei que estaria e quer saber, acho que estou bem melhor assim, e o melhor que eu posso fazer é aproveitar esses meus últimos 4 meses aqui da melhor forma possível. A vida continua me surpreendendo e eu quero fazer o mesmo com ela.

















quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O DIA QUE EU FUI PARA BÉLGICA!


Atomium, o ponto turístico mais famoso de Bruxelas.


Falar da minha viagem pra Bélgica é fácil, eu posso resumir em 4 palavras: Cerveja, chocolate, (muito) frio e (muito) amor! A Bélgica é um país pequenininho coladinho com a Holanda, conhecida pelos seus mais de 1.500 tipos de cerveja (as melhores do mundo) dentre as mais famosas, Stella Artois, Alken Maes, Jupiler, Delirium tremens, Duvel, Kwak, Leffe, Hoegaarden (minha preferida) e Belle Vue.  Além disso, a Belgica também é conhecida pelos chocolates que são capazes de fazer sua tpm virar sua melhor amiga (entenda-se os melhores chocolates DO UNIVERSO) ainda que os Suíços também tenham essa fama (eu prefiro os chocolates belgas). Esses dois fatores foram com certeza, determinantes para que  a Belgica fosse escolhida como destino de  viagem de duas melhores amigas que mesmo morando à 7.505 km de distância  compartilham, dentre muitas outras coisas (muitas mesmo, tipo almas gêmeas),a mesma paixão por esses dois itens.
 
CERVEJA!

CERVEJA!

CERVEJA!

Felicidade chamada chocolate.



        Com ressaca da mega festa de natal que rolou na minha casa e depois de quase perder o ônibus (o começo da nossa sortuda jornada) chegamos em Bruxelas, a capital da Belgica onde ficamos por apenas 1 dia e uma noite. Na verdade das 3 cidades que conhecemos posso dizer que Bruxelas é a mais sem graça, não que ela não seja bonita, tem seu charme é claro, as cervejas e chocolates, mas os pontos turisticos não são aquilo que fazem você pirar. Ainda assim, a noite fomos surpreendidos com uma linda apresentação de musica e luzes no Grand Place de Bruxelas, onde fomos parar sem querer no exato momento que estava começando (sim, a sorte nos seguia) e ainda que eu não seja muito fã de  Castelos e conto de fadas, confesso que estar lá naquele momento com duas pessoas tão especiais (Gabriel me ama e também estava lá) fez eu me emocionar. A verdade é que viajar é tão gostoso porque  por mais besta que seja o lugar que você está, sempre vai ter aquele momento que faz você lembrar de todas as coisas ruins que já passou para chegar até ali e de como “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Acho que no fim viajar faz a gente olhar pra dentro de nós mesmos, e sentir orgulho e felicidade (no meu caso) de ter tido coragem de arriscar e continuar essa jornada maravilhosa que é a vida.


Grand Place de Bruxelas



        Viagens a parte da minha cabeça, no segundo dia seguimos para a cidade que é a minha favorita das 3, Bruges, uma cidadezinha medieval tão charmosa que faz com que você se sinta dentro de um filme, além de querer encontrar o amor da sua vida (ela é muito romântica).  O problema é que não conseguimos nenhum hostel para ficar lá e apesar de termos combinado com um Couch Surfing de encontrá-lo estávamos meio sem rumo. Então resolvemos ficar andando pelo centro da cidade (que é bem pequenininha) mas,  não sem antes irmos no mercado para fazermos uma pequena comprinha de cerveja para aguentar essa friorenta (quase congelante) jornada de andar o dia todo na rua. Dentre tantas opções de cerveja nosso critério de seleção começou com “as que nós meios que já conhecíamos”, depois passou para “as garrafas mais bonitinhas”, em seguida “as que eram mais antigas” para no fim chegar “as que tem maior teor de álcool”. Sim meus amigos, na Bélgica as cervejas chegam a ter 14% de álcool, o que quer dizer que você fica bebado em duas garrafas, que além de muito saborosas custam bem baratinho (3 euros, 6 reais). Não nós não somos alcoolatras, mas além de estarmos de ferias estávamos quase congelando de frio por ter que ficar andando pela rua com uma sensação termina de -8 graus, então nada mais justo que fazer isso com uma boa e forte cerveja pra tornar tudo mais divertido. Nosso Couch Surfing guy era super gente boa e tinha uma casona, mas apesar da vontade de ficar no quentinho a noite fomos em um Hostel que tem um bar (isso é muito normal aqui) e pudemos nos apaixonar ainda mais por essa encantadora cidadezinha e as pessoas gente boa que moram nela.


Bruges sendo super charmosa

Muita risada e muito amor.

A gordice never ends

 

        Três dias, três cidades diferentes, como tudo é relativamente perto, no ultimo dia seguimos de trem pra Antuérpia que depois de Amsterdã (177) possui a maior quantidade de diversidade cultural ou diferentes  nacionalidades vivendo em seu território (174), tornando-a á segunda cidade mais internacional do mundo (Nova York tem o terceiro lugar com 150 diferentes nacionalidades). Além disso, dizem que lá fazem-se as melhores festas da Bélgica, mas como fomos só pra passar o dia, infelizmente isso não pudemos conhecer e ficamos dando um rolê pelo centro da cidade. Devo dizer que a estação de trem de lá é maravilhosa e também vale super a pena chegar as margens do Rio Escalda e se maravilhar com o por-do-sol. Dezembro é uma época em que as cidades aqui são cheias de Mercados de Natal, uma espécie de Quermesse do nosso país, barraquinhas com comidas típicas e artesanato, o que facilitou nossa dificil missão de ficar na rua no frio, pois cada vez que víamos um mercado de Natal parávamos pra comer uma coisa quentinha e gordinha. Aliás, essa viagem ajudou a confirmar um aspecto desagradável de morar na Europa, o inverno pode doer e muito (nunca mais vou achar 10º frio), havia momentos em que simplesmente não tirávamos mais fotos porque nenhum de nós 3 tinha coragem de tirar as luvas para isso, os dedinhos pareciam que iam congelar e cair em poucos segundos. Mas foi nessa viagem também que eu vi pela primeira vez na minha vida a neve e ela é tão maravilhosamente linda que faz todo o frio do mundo valer a pena.


Congelando de felicidade!

Castelo de Steen Antuérpia

Camara Municipal Lindíssima!

Central Station Maravilhosa!

Nosotros com o Rio Escalda.


        Enfim posso dizer que a Bélgica não é o lugar mais legal do mundo para se conhecer, mas morando pertinho como eu moro agora, e com as companhias maravilhosas que eu tive que fizeram tudo ser mais lindo e mais divertido, esse país pequenininho, mas charmoso e com as coisas mais gostosas e importantes da vida, também ganharam um espacinho no meu coração.  E mesmo quase congelando, viajar continua sendo a melhor coisa do mundo, afinal:  "Happiness is the way you travel, not the destination."
  
Palavras não podem expressar meu amor e gratidão de ter tido você aqui!