Eu sempre gostei de viajar e
morar fora do Brasil sempre foi um dos meus grandes desejos que foi sendo
adiado por muito tempo, seja por falta de coragem, de dinheiro, de sei lá o
que, mas a ideia sempre esteve na minha cabeça e finalmente consegui levar adiante.
Bom, acontece que com 26 anos percebi
que minha vida não está onde eu gostaria que estivesse, também não estava feliz
e satisfeita com a minha carreira profissional (se é que ser professor no
Brasil pode ser chamado assim) e pensei que mudar os ares pudesse me ajudar a
enxergar as coisas diferentes e tomar decisões diferentes (ou não) além de querer
viajar muito, é claro.
Ser professor no Brasil é
uma barra, ser professor no Brasil na rede pública então é quase ser um super
herói. Eu nunca imaginei que seria
professora na minha vida, mas na verdade apesar de ser muito difícil descobri
que gosto muito de dar aulas de Sociologia e de estar no ambiente escolar, só
que depois de 4 anos sendo maltratada por essa mesma comunidade escolar como um todo, mas
principalmente o Estado, não sei sinceramente se acredito mais que a educação
(nos moldes que está) possa mudar algo e se eu aguento passar por tudo isso
trabalhando praticamente de graça. É foda, eu amei fazer Ciênciais Sociais, é
um puta de um curso, mas pra trabalhar é muito difícil e eu não sou
nenhuma hipócrita, sinto muita falta de
ter uma estabilidade financeira sim, e de claro ser reconhecida pelo meu
trabalho .
Dai que descobri que esse
negócio de ser aupair podia ser uma boa porque na verdade é o jeito mais barato
de morar fora, de conhecer de verdade a cultura, e de dar um rolê por ai. Ser
aupair é você morar com uma família e ajudar a cuidar das crianças dessa
família que na verdade também passam a ser sua família. É um negócio complicado
porque claro estou trabalhando, mas ao mesmo tempo você convive diariamente com
eles então o envolvimento fica muito mais profundo do que apenas
profissional. Também tenho bastante tempo livre pra sair fazer
minhas coisas, tenho minha privacidade, meu quarto, posso viajar nos fins de semana, enfim, ter minha vida junto e separado da
deles ao mesmo tempo.
Fotos da minha despedida com os amigos. |
Não é nada fácil assumir que
você não se sente feliz e satisfeito com a sua vida com quase 30, que ainda
mora com o seu pai e não pode fazer as coisas que gostaria. Que ao mesmo tempo
ama seu trabalho mas está cansado de ser tratado como se ele não fosse nada e
também não sabe o que mais poderia fazer se não isso. Não é fácil ter coragem de largar tudo pra
buscar a resposta de uma pergunta que você também não sabe direito qual é. Mas
se tem uma coisa que eu não sou, é uma pessoa conformada! Não consigo aceitar
as coisas e fingir que está tudo bem e prefiro pagar pra ver e me ferrar do que
não fazer nada.
Nesse exato momento eu me
sinto longe de casa, sozinha (como nunca me senti antes), com saudades da minha
família e dos meus amigos, num lugar que é ao mesmo tempo a melhor coisa e a
mais estranha que já me aconteceu. Mas eu também me sinto viva, me sinto eu mesma, sinto que
tudo que vivi, já acertei e errei na vida não aconteceu por acaso, mas
aconteceu porque tinha que me trazer até aqui, não que eu acredite em destino
ou coisa do tipo, mas cada dia que passa percebo mais e mais que nós não
controlamos nada em nossas vidas e que as vezes temos que passar pelas coisas
que pareciam insuportáveis. Talvez eu
não ache o que estou procurando, talvez eu me arrependa, talvez minha vida
continue a mesma quando eu voltar. Mas cheguei a conclusão que as vezes
perdemos tanto tempo pensando no futuro que não aproveitamos o presente, e a
vida é curta demais, não da tempo de ficar com medo ou conformado, eu quero
olhar pra trás e pensar que fiz o que queria fazer e me tornei a pessoa que eu
queria ser!
Então é isso, “pausa na
minha vida” e vamos aproveitar!
E vamos parar por aqui antes
que esse blog vire um diário ou um livro de auto-ajuda.
No próximo post falarei da
minha escolha pela Holanda e quais são minhas impressões daqui até agora.