quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O DIA QUE EU FUI EMBORA DO BRASIL!






Eu sempre gostei de viajar e morar fora do Brasil sempre foi um dos meus grandes desejos que foi sendo adiado por muito tempo, seja por falta de coragem, de dinheiro, de sei lá o que, mas a ideia sempre esteve na minha cabeça e finalmente consegui levar adiante.  Bom, acontece que com 26 anos percebi que minha vida não está onde eu gostaria que estivesse, também não estava feliz e satisfeita com a minha carreira profissional (se é que ser professor no Brasil pode ser chamado assim) e pensei que mudar os ares pudesse me ajudar a enxergar as coisas diferentes e tomar decisões diferentes (ou não) além de querer viajar muito, é claro.

Ser professor no Brasil é uma barra, ser professor no Brasil na rede pública então é quase ser um super herói.  Eu nunca imaginei que seria professora na minha vida, mas na verdade apesar de ser muito difícil descobri que gosto muito de dar aulas de Sociologia e de estar no ambiente escolar, só que depois de 4 anos sendo maltratada por essa mesma  comunidade escolar como um todo, mas principalmente o Estado, não sei sinceramente se acredito mais que a educação (nos moldes que está) possa mudar algo e se eu aguento passar por tudo isso trabalhando praticamente de graça. É foda, eu amei fazer Ciênciais Sociais, é um puta de um curso, mas pra trabalhar é muito difícil e eu não sou nenhuma  hipócrita, sinto muita falta de ter uma estabilidade financeira sim, e de claro ser reconhecida pelo meu trabalho .

Dai que descobri que esse negócio de ser aupair podia ser uma boa porque na verdade é o jeito mais barato de morar fora, de conhecer de verdade a cultura, e de dar um rolê por ai. Ser aupair é você morar com uma família e ajudar a cuidar das crianças dessa família que na verdade também passam a ser sua família. É um negócio complicado porque claro estou trabalhando, mas ao mesmo tempo você convive diariamente com eles então o envolvimento fica muito mais profundo do que apenas profissional.  Também  tenho bastante tempo livre pra sair fazer minhas coisas, tenho minha privacidade,  meu quarto, posso viajar nos fins de semana,  enfim, ter minha vida junto e separado da deles ao mesmo tempo.

Fotos da minha despedida com os amigos.






Não é nada fácil assumir que você não se sente feliz e satisfeito com a sua vida com quase 30, que ainda mora com o seu pai e não pode fazer as coisas que gostaria. Que ao mesmo tempo ama seu trabalho mas está cansado de ser tratado como se ele não fosse nada e também não sabe o que mais poderia fazer se não isso.  Não é fácil ter coragem de largar tudo pra buscar a resposta de uma pergunta que você também não sabe direito qual é. Mas se tem uma coisa que eu não sou, é uma pessoa conformada! Não consigo aceitar as coisas e fingir que está tudo bem e prefiro pagar pra ver e me ferrar do que não fazer nada.

Nesse exato momento eu me sinto longe de casa, sozinha (como nunca me senti antes), com saudades da minha família e dos meus amigos, num lugar que é ao mesmo tempo a melhor coisa e a mais estranha que já me aconteceu. Mas eu também  me sinto viva, me sinto eu mesma, sinto que tudo que vivi, já acertei e errei na vida não aconteceu por acaso, mas aconteceu porque tinha que me trazer até aqui, não que eu acredite em destino ou coisa do tipo, mas cada dia que passa percebo mais e mais que nós não controlamos nada em nossas vidas e que as vezes temos que passar pelas coisas que pareciam insuportáveis.  Talvez eu não ache o que estou procurando, talvez eu me arrependa, talvez minha vida continue a mesma quando eu voltar. Mas cheguei a conclusão que as vezes perdemos tanto tempo pensando no futuro que não aproveitamos o presente, e a vida é curta demais, não da tempo de ficar com medo ou conformado, eu quero olhar pra trás e pensar que fiz o que queria fazer e me tornei a pessoa que eu queria ser!   
Então é isso, “pausa na minha vida” e vamos aproveitar

E vamos parar por aqui antes que esse blog vire um diário ou um livro de auto-ajuda.

No próximo post falarei da minha escolha pela Holanda e quais são minhas impressões daqui até agora.

sábado, 16 de agosto de 2014

O DIA QUE EU VIAJEI SOZINHA PARA PARIS!



Como bons filmes que existem por ai (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças,  Matrix, ou outros que não me vieram a cabeça agora), meu blog não vai começar do começo, pois apesar de ter chego há menos de 1 mês para morar na Holanda, e já ter descoberto e vivido muitas coisas aqui (falarei sobre isso no próximo post), começarei falando de quando resolvi ir sozinha e em cima da hora pra Paris, porque acho que foi isso que despertou em mim a vontade de escrever. 

Descobri  apenas 4 dias antes que teria quase 5 dias livres no fim de semana e que poderia fazer algo bem legal já que, estava sobrando uma graninha na minha conta,  e  não é sempre que esses dois fatores se combinam  tão facilmente aqui na vida de aupair. Comecei a pesquisar levando em consideração a questão do verão aqui, da distância, do dinheiro que tinha e tal, e percebi que ir para Paris poderia ser uma boa.  Foi uma coisa meio impulsiva já que eu não sabia direito como fazer as coisas lá e nunca tinha viajado tantos  dias assim sozinha, por isso quando comprei a passagem confesso que fiquei  com o maior cagaço. É claro que não é algo tão complicado, mas se desse alguma merda seria bem foda (esse blog apresentará palavras de baixo calão), de qualquer maneira como viver aqui envolve sempre essa questão de aproveitar intensamente as oportunidades eu resolvi me arriscar. 


Com a ajuda de blogs e sites, acabei traçando um roteiro (que não segui a risca mas me ajudou bastante)  do que conhecer nesses 3 dias e 2 noites e como fazer isso da melhor (e mais barata) forma possível. Assim, depois de 8 horas de viagem em um ônibus razoavelmente confortável, chego na estação de metrô em Paris as 6:30 da manhã e enfrento meu primeiro (na verdade único) perrengue. Eu sabia que na estação de metrô eles forneciam um mapa das linhas e que você pode comprar um ticket que valeria para todos os dias, mais barato. Estou eu, cheia de malas, cara de turista na fila de informações quando um mocinho me oferece ajuda como se trabalhasse lá. Logo eu, nascida e criada no Brasil, acostumada com gente querendo ser malandra em cima de turista e ganhar um em cima disso, sei lá porque cai nesse golpe (acho que ainda estava dormindo). O rapaz disse que ia comprar o ticket pra mim e eu dei o dinheiro pra ele que fez tudo muito rápido no guichê e me deu um ticket depois de tentar me explicar pra onde eu deveria ir. Voltei para a fila pra tentar pegar o mapa com o “ticket” na mão e depois de 2 minutos  volta o menino e me chama com os 50 euros que eu tinha dado pra ele dizendo pra eu devolver o ticket. Enfim, na verdade ele tinha me dado um ticket que valia apenas para uma viagem e não pros 3 dias como eu tinha pago e nessa eu ia perder 25 euros, era um golpe! Eu fiquei meia hora tentando entender porque o menino voltou e devolveu meu dinheiro (acho que ficou com dó, ou com medo, ou foi o tanto de santo e reza que eu trouxe do Brasil da minha família) e como é que EU, pessoa esperta nascida na malandragem quase rodei nessa. De qualquer maneira resolvi contar isso aqui para as futuras meninas que forem pra Paris não passarem pelo mesmo. 
Continuei minha saga de entender as linhas do metrô (na verdade o mapa que eles dão facilita muito) e chegar sã e salva no hostel. Fiquei no St Christopher's Inn Paris, super recomendo, além de sem bem perto do metrô, ser limpinho, ter um bom café da manhã e bom preço, tem um Pub e uma balada no andar de baixo, frequentado não só pelo pessoal do hostel mas por quem mora em Paris, o que facilita muito pra quem viaja sozinho e, como eu, e não queria se arriscar saindo a noite (fiz amizades e me diverti muito).

No primeiro dia, chegando pelo lindo Jardins du Trocadéro, minha primeira parada foi o ponto turístico mais visitado do mundo (descobri isso depois) num sábado, em meio as férias de verão, ou seja, Torre Eifell,  mais lotada do que a praia no ano novo. Isso dificultou muito as coisas já que fiquei 2 horas na fila pra poder subir até o topo, mais 30 minutos na fila pra ir no banheiro, pra comer e etc, o que depois de viajar a noite inteira de ônibus, não me deixou a pessoa mais feliz do mundo. É claro que tudo melhorou quando cheguei no topo da Torre, porque é com certeza uma visão inexplicável de uma cidade maravilhosa, mas se eu puder dar um conselho digo: Não vá pra Paris no verão! Depois fui a pé até o Arco do Triunfo (que não tem muito o que fazer além de tirar fotos e admirar) e desci a linda Champs Élysees, terminando o dia no Hostel.


A torre vista dos Jardins Du Trocadéro

Onde está o Arco do Triunfo?

Campos de Marte

Arco do Triunfo
 
Eu, a torre e 8 milhões de pessoas







No segundo dia fui no lugar que mais gostei de Paris, o MontMartre, bairro dos cabarés, da boemia frequentado por grandes artistas do passado como Van Gogh e Monet. Conheci o famoso Moulin Rouge e dei uma volta pelo charmoso bairro, fiz um retrato na Praça dos Artistas com um artista de rua, comi um tradicional e delicioso crepe de Nutela e conheci a Basílica de Sacre-Coeur, que na minha opinião é muito mais linda que a famosa Catedral de Notre Dame. Acho que foi esse ar de boemia com intelectualidade misturado com a belíssima arquitetura que fizeram de MontMartre meu lugar preferido de Paris. Finalizei o dia conhecendo a importante Praça da Concórdia e descansei no belíssimo Jardim das Tulheiras. 


Cade o Ewan McGregor? 
Belíssima Sacre-Coeur
Retrato da Praça dos Artistas



O Jardim das Tulheiras é muito bom pra relaxar.
A Praça da Concórdia teve grande papel na Revolução Francesa, foi nela que muitas pessoas como Maria Antonieta e Luis XVI foram guilhotinados.  


 No último dia fui no famoso Museu do Louvre onde fiquei umas boas 4 horas (me perdi muitas vezes lá dentro) e vi belíssimas pinturas e esculturas, como a famosa Monalisa (gostei de ver de perto aquele sorriso maroto) e a exposição sobre o Egito, que é deslumbrante. Depois dei uma passada na Pônt des Arts pra tirar uma foto com os milhões de cadeados e fui na Catedral de Notre Dame que é linda também, vela a pena a visita.
Fazendo a phina no Louvre

Exposição Antigo Egito


Demais! 

Ela tá ou não tá sorrindo?

Au revoir Paris!
 Sobre Paris posso dizer que achei a arquitetura e a maneira como a cidade foi construída  em geral encantadora, e seus pontos turísticos são impressionantes e magníficos, mas eu diria que morar lá deve ser bem caótico. A questão da imigração das antigas colônias se mostra presente o tempo todo e é fácil perceber a relação entre isso e a desigualdade social que existe na cidade. Em geral as pessoas não são muito educadas nem se esforçam muito pra ajudar os turistas (ainda mais se você só fala inglês) e  o glamour que dizem existir em Paris não aparece nessa época do ano porque tudo esta extremamente abarrotado  e a cidade fica um tanto quanto suja.
Sobre a experiência digo que foi ótima, muito melhor do que eu esperava, percebi que sou capaz de fazer uma viagem dessas sozinhas e que o melhor, me diverti muito comigo mesma. O lado bom de viajar sozinha é que você vai onde quer, faz seus horários e acaba aprendendo mais sobre a cidade porque só tem como recorrer a você mesmo. O lado ruim é ter que ficar pedindo pra galera na rua tirar foto de você e estar disposto a fazer amizades (não é todo mundo que tem saco pra isso). Acho que com tudo isso aprendi que, rola viajar de última hora pra um lugar legal, sou mais capaz do que imaginava e mais burra também (caindo em golpe? Eu?) , viajar sozinha é legal e a palavra de ordem no momento continua sendo essa ARRISQUE-SE!